O que se pode dizer do Karate quanto à sua origem é que a sua
história tem sido única, divergindo muito pouco de estilo para estilo ou
de escola para escola. Como dizia o mestre Masatoshi Nakayama, o Karate
foi confundido com o chamado boxe de estilo chinês e sua relação com o
Te de Okinawa, que lhe deu origem, não foi devidamente entendida. O
Karate é uma arte marcial oriunda do Okinawa-Te da ilha de Okinawa, que
por sua vez sucedeu o Shorin Ji Kenpo, do mosteiro Shaolin da China e
tem como raiz o Vajramushti da Índia, portanto, seu nascimento
genealógico ocorrido há mais de 2000 anos. No que se refere
particulamente ao Karate-Do, a sua origem foi na Ilha de Okinawa.
Afirma-se conforme dados históricos que as primeiras exibições das
técnicas do Okinawa-Te, são atribuidas ao grande mestre Sokon Matsumura.
No entanto, já existiam na região outros mestres que por lapso ou
esquecimento de alguns autores, a história não cita: Peichin Takahara,
Chatan Yara, Ku-Shan-Ku, de origem chinesa. Com certeza tais mestres
também contribuíram e tiveram um papel muito importante. Após alguns
anos, contribuíram também para sua codificação, divulgação e expansão os
mestres: Kanryu Higaonna "Higashionna" (1845-1916), Itosu Yasatsune
"Anku" (1832-1916), Chojun Miyagi (1885-1953), Choku Motobu (1871-1944),
Agena (1870-1924), Kyan Chotoku (1870-1945), Kanbu Uechi (1877-1948),
Kenua Mabuni (1887-1957), Hokan Soken (1889-1973) e o próprio Gichin
Funakoshi (1869-1957). Quando da aparição do Okinawa-Te no Japão, levado
por uma equipe de mestres de Okinawa, liderados pelo grande mestre
Gichin Funakoshi, essa modalidade foi aceita com muito entusiasmo pelo
povo japonês, haja vista que os japoneses já conheciam outras
modalidades de lutas, sendo, portanto grandes guerreiros, destacando-se a
classe dos samurai. Já no Japão, grandes mestres se destacaram
posteriormente com seus importantes trabalhos, como: Gogen Yamaguchi,
Hironori Otsuka, Masutatsu Oyama, Tomoyori Takamasa, Teruo Hayashi e
mais recentemente, Yoshinau Nanbu, que criaram e nominaram os seus
grandiosos estilos de Karate-Do, entre eles: Goju-ryu, Wado-ryu,
Shotokan-ryu, Shito-ryu, Kenyu-ryu, Sanku-ryu, Shorin-ryu, Shorei-ryu,
Kyokushikaikan-ryu, Uechi-ryu e Ishin-ryu e etc. A palavra Karate,
surgiu por imposição do povo japonês, pois esse povo vivia sempre em
rixas constantes com a China, e não admitia nada que fosse
representativo da cultura chinesa. Como sabemos o kanji que antes
significava mãos chinesas passa a ser conhecido por outro kanji
semelhante com o significado de mãos vazias. Kara: vazio ( da filosofia
Zen-Budista: esvaziar a mente, manter corpo e mente unidos à natureza,
etc) e Te: mão. O Tode foi apresentado pela primeira vez publicamente,
fora de Okinawa, em maio de 1922, na primeira exibição de artes marciais
japonesas, realizada em Tóquio sob o patrocínio do Ministério da
Educação. O Homem convidado para dar essa memorável demonstração foi o
Mestre Gichin Funakoshi, que na ocasião era presidente da Okinawa Shobu
Kai ( Sociedade para as promoções das Artes Marcias ). Tode (Também
chamado simplesmente Te, que significa mão ) era uma arte de defesa
pessoal que há séculos estava sendo desenvolvida em Okinawa. Por causa
do comércio e de outras relações entre Okinawa e a Disnatia Ming da
China, é provavel que ele tenha sido influenciado por técnicas chinesas
de luta, mas não há registros escritos fornecendo uma ideia clara do
desenvolvimento do Tode. De acordo com versões lendárias, Okinawa foi
unificada sob o reinado do rei Shohashi de Chuzan em 1429 e
posteriormente, durante o reinado do rei Shoshin, foi publicado um
decreto proibindo a prática das artes marciais. Sabe-se que uma ordem
proibindo armas foi promulgada pelo clã Satsuma de Kagoshima, depois de
ele ter adquirido o controle de Okinawa em 1609. O Tode tornou-se então
um recurso último de autodefesa, mas como o clã Satsuma também reprimia
severamente essa prática, ela só podia ser praticada em absoluto
sigilo. Para os habitantes de Okinawa, não havia alternativas e eles a
converteram numa arte mortal como a conhecemos hoje. Nem sempre a
família do karateka vinha a saber que ele praticava essa arte, situação
que persistiu até 1905, quando a escola normal de Shuri e a Primeira
Escola de Nível Médio Municipal adotou o Karate como disciplina oficial
em educação física. Entretanto, a sua força devastadora deve ter sido
conhecida até certo ponto, uma vez que se referiam a ele em termos tais
como Reimyo Tode, que significa Karate miraculoso, e Shinpi Tode,
significando Karate misterioso. Que o próprio sigílo tenha influenciado
muito o caráter da arte não pode ser desconsiderado. O Tode passou a ser
conhecido como Karate-Jutsu e depois a partir de aproximadamente 1929,
Gichin Funakoshi deu o passo revolucionário em defesa veemente de que o
nome fosse mudado para Karate-Do. Assim, o Karate foi transformado,
tanto na forma quanto no conteúdo, de técnicas de origem Okinawana em
uma nova arte marcial japonesa. Durante a década de 20 e início da
década de 30 a arte de defesa pessoal tinha-se tornado cada vez mais
popular entre pessoas de todas a classes sociais. Os estudantes,
obviamente, tinham sido os mais entusiastas, mas havia também advogados,
artistas, homens de negócios, judocas, kendocas e muitos outros. Essa
foi a época do alvorecer do Karate moderno, e foram fundados sucessivos
clubes na universidade de Keio, na universidade Imperial de Tóquio, de
Shoka, de Takushoku, de Waseda, na Faculdade de Medicina de Nihon e em
outras escolas na região de Tóquio. Em 1930, com a chegada de Mabuni e
Miyagi, professores de Okinawa, fundaram-se clubes nas universidades de
Ritsumeikan e Kansai, na região de Osaka. A popularidade entre as
tendências intelectuais foi muito favorável ao Karate, porque ajudou na
transformação do Karate miraculoso e misterioso numa arte marcial
moderna e científica. O nome não foi mudado facilmente. Semana após
semana, apareciam artigos nos jornais, escritos por especialistas de
Okinawa em artes marciais, querendo saber o porque da mudança. Em seu
estilo eloquente, Funakoshi respondia, defendendo a sua posição. Isso
continuou por algum tempo. Com a publicação de Karate-Do Kyohan ( do
Mestre Funakoshi ) em 1935, o Karate-Do, por assim dizer, tornou-se
oficial. Dois anos depois, várias sociedades de Karate de Okinawa
filiaram-se à Associação Japonesa de Artes Marciais e uma filial da
associação foi fundada em Okinawa. Masatoshi Nakayama comenta que depois
de ter visitado Funakoshi durante o período em que a controvérsia se
acalorou e de ter lido os argumentos a favor e contra, havia ficado
impressionado com o grande entusiasmo e a antevisão desse mestre que
estava tentando divulgar uma arte local por todo o país. A mudança de
nome não era a sua única preocupação. Muitos termos tinham pronúncia
chinesa ou okinawana apenas. Ele mudou-os também, possibilitando que os
adeptos entendessem mais facilmente. O treinamento de métodos foi outra
questão à qual ele dispensou sua desvelada atenção. Enquanto antes
existia somente o kata, ele dividiu a prática em três tipos:
fundamentos, kata e kumite. Os jovens estudantes se reuniam em volta de
Funakoshi e se dedicavam à pratica do kumite com grande entusiasmo. O
kumite evoluiu do kumite preordenado para o jiyu ippon kumite prático
e, finalmente, para jiyu kumite, onde, por assim dizer, nem o
agarramento é proibido. O kata tinha se tornado extremamente aprimorado
em Okinawa. Agora, a pesquisa do Kumite tinha se desenvolvido
consideravelmente, e podemos dizer que um novo aspecto do Karate havia
surgido. Podemos ir além e afirmar que o Karate atualmente alcançou o
ponto mais alto da perfeição. A primeira idade de Ouro do Karate, como
tem sido chamada, ocorreu por volta de 1940, quando quase todas as
importantes universidades do Japão tinham seus clubes de Karate. Nos
primeiros anos pós-guerra, ele sofreu um declínio, mas até hoje, graças
ao entusiasmo dos que defendiam o Karate-Do, ele é praticado mais
amplamente do que nunca, difundindo-se para muitos outros países no
mundo inteiro, criando uma segunda Idade de Ouro. Após a guerra, eram
frequentes as solicitações das Forças Aliadas estacionadas no Japão para
assistir a exibições das artes marciais. Peritos em Judo, Kendo e
Karate-Do formaram grupos que visitavam as bases militares duas ou três
vezes por semana com a finalidade de demonstrar suas respectivas artes.
Na época os membros das forças armadas nutriam um grande interesse pelo
Karate-Do, cuja arte estavam vendo pela primeira vez em suas vidas. Em
1952, o Comando Aéreo Estratégico da Força Aérea dos Estados Unidos
enviou um grupo de jovens oficiais e de oficiais subalternos ao Japão
para estudar Judo, Aikido e Karate-do. O objetivo era treinar
instrutores de educação física e durante os três meses em que estiveram
no Japão, eles seguiram um programa rígido, estudando e praticando
intensivamente. Masatoshi Nakayama, como lider dos homens que ensinavam
Karate, considerou isso um grande passo adiante para o Karate-Do. Por
mais de uma dezena de anos depois, dois ou três grupos continuaram indo
ao Japão todos os anos. Esse programa de treinamento foi altamente
considerado e começaram a vir grupos de outros países, além dos Estados
Unidos. Vários países também solicitaram que fossem enviados instrutores
de Karate para que se pudesse treinar um maior número de instrutores.
Essa, sem dúvida, foi uma influência que ajudou a tornar popular o
Karate em todo o mundo. O Karate é como sempre foi, uma arte de defesa
pessoal e uma forma saudável de exercícios físicos; mas, com o aumento
da sua popularidade, cresceu o interesse pela realização de disputas,
como aconteceu com o Kendo e o Judo. Na sua maioria, devido aos esforços
dos entusiastas mais jovens, o Primeiro Campeonato de Karate-Do de todo
o Japão foi realizado em outubro de 1957. Ele foi promovido pela
associação Japonesa de Karate e no mês seguinte, a Federação dos
Estudantes de Karate de todo o Japão promoveu um campeonato diante de
uma audiência de milhares de pessoas. Além de serem estes eventos
memoráveis, esses dois campeonatos despertaram um interesse maior ainda
pela arte em todo o país. Na época eles eram realizados anualmente numa
escala cada vez maior. E num grande número de países, competições
semelhantes estavam sendo realizadas. No topo de todos eles estava o
Campeonato Mundial de Karate-Do. As competições e a disseminação do
Karate no exterior são os progressos mais significativos dos anos
posteriores à guerra.
Fonte: O melhor do Karate de Masatoshi Nakayama vol. 1 e Budo no Jiten, dicionário Técnico de Artes Marciais Japonesa de José Grácio Gomes Soares.
fontr:(Karate como Filosofia de Vida)
Fonte: O melhor do Karate de Masatoshi Nakayama vol. 1 e Budo no Jiten, dicionário Técnico de Artes Marciais Japonesa de José Grácio Gomes Soares.
fontr:(Karate como Filosofia de Vida)
olá, sou Jabson do Santo Antonio Karate Klube,visitem nossa pagina: www.sakcba.blogspot.com.br , seja nosso parceiro tbem, parabens pelo blog e um abraço a todos, sucesso!!!
ResponderExcluir